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General Motors na Fórmula 1 com a Andretti

Por que a General Motors escolheu se aventurar na Fórmula 1?

22 de janeiro de 2023 no 06:00
Última atualização 22 de janeiro de 2023 no 09:17
  • GPblog.com

Tradicionalmente, a Fórmula 1 sempre manteve o seu foco no mercado automobilístico europeu. Por outro lado, a General Motors - uma das maiores marcas de carros do mundo - sempre focou principalmente em seu próprio mercado, o dos EUA, onde de longe a maioria de seus carros é vendida. A entrada na Fórmula 1 não foi, por assim dizer, uma escolha óbvia para os americanos. No entanto, com a nova equipe da Andretti, a GM quer dar o próximo passo.

No continente americano, quase não houve interesse em ingressar na F1 durante décadas, o que significava que fazia pouco sentido para uma marca verdadeiramente americana como a General Motors participar dela do ponto de vista de marketing. A Fórmula 1 tornou-se agora um esporte global, com enorme popularidade até mesmo nos Estados Unidos. Três corridas serão realizadas em solo americano em 2023. Com o crescente interesse do público, assim como a criação de uma equipe de Fórmula 1 americana, liderada por um respeitado ícone do automobilismo, a GM não conseguiu recusar o pedido de Andretti para participar da categoria.

Fatores externos

A administração da GM admite que a empresa já estava cogitando a ideia de entrar na Fórmula 1 há algum tempo, mas que fatores externos impossibilitaram a operação. Por exemplo, não faz muito tempo que o governo americano teve que intervir financeiramente para salvar a GM (e outras montadoras americanas) do colapso. Assumir uma aventura na Fórmula 1 - que é bastante custosa - não seria o ideal naquela época.

Porém, no presente momento, as coisas estão indo muito melhor para a GM, que é a terceira maior montadora do mundo. Apenas a Toyota e o Grupo Volkswagen são maiores. Então, quando Michael Andretti entrou na sede de Detroit há pouco menos de seis meses para falar sobre uma parceria, a GM estava bastante disposta a ouvir. "Eu diria que nós não estávamos necessariamente procurando fazer isso, mas Michael deu o pontapé inicial e eu, pessoalmente, realmente fui às alturas", disse o presidente da General Motors, Mark Reuss, para o The Race.

Uma patrocinadora

Foi feita uma oferta à General Motors que realmente não poderia ser recusada. A Andretti vai fornecer a infra-estrutura com uma nova fábrica de última geração que vai ser construída em solo americano. Além disso, a GM não vai precisar criar uma divisão voltada para a F1 para desenvolver sua própria unidade de potência, já que a Andretti provavelmente será cliente da Alpine. Tudo o que a GM terá que fazer é transferir uma boa quantia de dinheiro, para que os motores da Alpine possam usar o nome de uma das marcas da GM (neste caso, Cadillac). Portanto, uma situação em que todos saem ganhando: A General Motors estará (possivelmente) presente em breve no grid da principal categoria de corridas do mundo, sem custo de muita mão de obra e investimento.

Aqui também está a armadilha. A Fórmula 1 quer se apresentar cada vez mais como uma categoria na qual as principais marcas de carros do mundo disputam umas contra as outras com equipamentos autodesenvolvidos. Mercedes, Alpine, Ferrari e agora Red Bull Racing logo desenvolverão seus carros (quase) 100% internamente. Há também equipes clientes, todas elas se transformaram em nomes estabelecidos na Fórmula 1 nos últimos anos. Empresas de milhões de dólares, que valem muito dinheiro.

A última coisa que as equipes (a maioria) querem é compartilhar o cofre bem cheio de dinheiro com uma equipe recém-chegada (neste caso a Andretti), que só tem o respaldo de uma grande marca no papel. Por fim, a GM logo será nada mais que uma patrocinadora, assim como a Alfa Romeo com a Sauber, ao invés de os americanos realmente desenvolverem seu próprio carro - ou pelo menos sua própria unidade de potência. Porém, a GM não descarta a possibilidade de realmente construir seus próprios carros de F1 no futuro. Compromissos nesse sentido poderiam, sem dúvida, vencer a dúvida e convencer os chefes de equipe da F1.

Nada fechado

Dito isto, ainda não é certo que a Andretti Cadillac será aceita na Fórmula 1 em breve. Sem dúvida as conversas entre a FIA, FOM e as equipes, por um lado, e a Andretti Cadillac, por outro, continuarão no futuro próximo. Com a General Motors envolvida, a Andretti se torna um negócio interessante para a categoria. Mas será convincente o suficiente para as outras partes interessadas? Ainda precisamos esperar para ver. De qualquer forma: para a General Motors, não há quase nada a perder.